terça-feira, 8 de março de 2011

ver-te


Abro a janela para ver-te
Entregue
Inteira
Iluminada
Domadora das marés
Faz coração pulsar intenso
Inspiro seu frescor extasiante
Faz corpo enaltecer
Abro a janela para ver-te
Tornar-se um sorriso em filete
Minguante
Água rasa
Faz coração pulsar manso
Abro a janela para ver-te
Saudade
Coração no intervalo do pulso
Espera seu retorno
Acolhido na noite escura
Águas sobem nas margens a te procurar
Abro a janela para ver-te
Estará?
Vejo-te enfim
Permite o pulsar
Águas descansam suaves
Abro a janela para ver-te
Entregue
Inteira
Iluminada
Mergulho nas águas
Partilhamos nosso amor por você
Lua 

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Caminhabismo

Todo dia ela despertava em sua casa bem estruturada, de pedras firmes, seguras e bem colocadas. Ela mesma havia construído, há muito tempo atrás.
Não se espreguiçava, nem lavava o rosto, e assim, saía para sua caminhada diária.
Era sempre a mesma caminhada, tão comum, mas ela sentia, lá no fundo, que aquele caminho não lhe dizia respeito.
Ela caminhava todo dia. Tentava ficar atenta aos seus pés, enquanto caminhava. Mas logo se perdia numa curva à direita. Tentava ficar atenta aos seus sentimentos, mas logo a razão do imediato a fazia descer aquele pequeno morro. Tentava escutar seu coração, mas parecia que ele falava tão baixinho, que ela se distraía, e acabava por atravessar o riacho, novamente, pela pequena ponte, sem molhar os pés.
Sempre pensava na incoerência de gostar tanto de molhar os pés e nunca molhá-los.
Gostava do som dos animais, do cheiro das plantas, dos sorrisos, dos toques em diferentes texturas, momentos em que sentia verdadeiras conexões com a vida. Quando estava aproveitando esses pequenos instantes, sempre rolava o mesmo barranco.
Certo dia, distraída, chutando pedrinhas no chão, entrou à esquerda da encruzilhada, sem perceber. A paisagem ali era muito diferente. Logo que passou a sentir seu aroma extasiante, foi atirada barranco abaixo. A pele esfolada, o rastro de sangue na terra, o corpo suspenso, preso por um fio de cabelo enroscado numa raiz firme de um Jatobá. Estava à beira do abismo.
Ela não lembrava como havia parado naquela situação. Não entendia porque aquele estava sendo o seu destino. E se não tivesse sido tão entregue àquele aroma. E se não estivesse chutando pedrinhas. Se nunca tivesse parado para cheirar uma flor, como era de costume. Se nunca tivesse parado para sentir o cheiro dos cabelos de quem abraça, como de costume, se nunca tivesse parado para sentir os dedos dos pés se misturando nos grãos da terra. Se nunca tivesse... não estaria ali. Suspensa. Pega pela leve brisa de vida que o aroma lhe deu.
Pensou que aquele Jatobá sempre esteve ali. E sua raiz segurava seu fino fio de cabelo.
Ainda sentia o cheiro da terra com sangue, a quentura que vinha das pedrinhas chutadas expostas ao sol quente. Poderia tentar lançar as mãos soltas nas raízes firmes. Mas olhou para baixo. Nada podia ser visto. Só sentido. A leve brisa da vida vinha lá debaixo.
Em queda livre, sentia suas vestes virando pó. A velocidade com que caía era incrível. Seu coração acelerava, fazendo-se soar pela profundidade quase infinita do abismo. Ela se entregou. Fechou os olhos, com medo. E já inconsciente, caía com seu corpo inerte.
Ela se lançou. Como sempre quis. E tinha medo. Mas o incomodo inerente às suas caminhadas diárias impulsionaram a transformação. Sabia que um dia a caminhada teria que seguir outro rumo.
O baque no chão foi esmagador. Seus ossos viraram poeira. Sua mente estava presente, mas não encontrava o corpo. O corpo se contorcia. Queria vomitar e não conseguia. As mãos não sabiam o que queriam agarrar. Seus dentes queriam devorar a terra que estava diante de seus lábios.
Aos poucos, sentiu braços acolhendo, dando contorno ao seu corpo. Vozes chamavam o seu nome. Uma água levemente adocicada enchia sua boca. Sua mente e seu corpo estavam presentes, pensou. Abriu os olhos, que demoraram para focar.
Rostos, familiares, cuidadosos, amorosos, preocupados, fortalecedores. Olhos de quem compreende a queda. Gestos de quem ajuda a levantar com carinho.
Ela perguntou da sua casa, do seu caminho de sempre. Ela amava a casinha, amava o caminho. Eles explicaram, e ela podia sentir. Desmoronaram. As pedras firmes, as pontes, as curvas. E agora ela tinha que vê-los morrer.
Sentiu o vazio do tamanho da importância do que era estruturador.
Demorou para ela se reconhecer, para sentir que era ela mesma, mesmo podendo estar de pé diante de um novo caminho. Pensou que sua casa não será mais de pedras. Talvez de bambu, que é firme mas suscetível ao toque humano. Com frestas para que aquela leve brisa, que agora a permeia, entre em sua casa todas as manhãs.
Assim, ela vai acordar. Esticar o corpo com carinho. Lavar o rosto para sentir o prazer do frescor. E seguir na caminhada desconhecida. Na luta para ficar atenta, para que cada passo lhe diga respeito verdadeiramente...

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Paz interna

A paz invadiu o meu coração

De repente, me encheu de paz
Como se o vento de um tufão
Arrancasse meus pés do chão
Onde eu já não me enterro mais
A paz fez um mar da revolução
Invadir meu destino; A paz
Como aquela grande explosão
Uma bomba sobre o Japão
Fez nascer o Japão da paz
Eu pensei em mim
Eu pensei em ti
Eu chorei por nós
Que contradição
Só a guerra faz
Nosso amor em paz
Eu vim
Vim parar na beira do cais
Onde a estrada chegou ao fim
Onde o fim da tarde é lilás
Onde o mar arrebenta em mim
O lamento de tantos "ais"

terça-feira, 14 de setembro de 2010

sábado, 11 de setembro de 2010


♥ visita da cella

No dia 1 de setembro a Cella chegou em Barcelona. Fui encontrar ela numa praça aqui perto de casa, já era de noite e fazia mais ou menos uns 9 meses que nao nos víamos.
Claro, saímos para tomar um vinho e conversamos muito o tempo todo. Cada uma com milhoes de noticias pra contar, várias novidades e curiosidades....deu até vontade de chorar de tanta emocao.
Essa foto tiramos no ultimo dia dela aqui antes de seguir sua viagem pela Europa. Na verdade queríamos ter gravado um video pra voces mas acabou que eu estava só com a máquina analógica e aí ficamos mesmo só com as fotinhos.
Considero que posso dizer aqui que estamos ambas muito bem. Falo por mim e pelo que vi da nossa morena dos olhos de vidro, acho que tambem posso falar por ela.
A parte as saudades. Como já disse antes, em nenhum lugar do mundo existem amigas como voces....